Os números das pesquisas de opinião começam a mudar faltando menos de 20 dias para a eleição. A indecisão vai diminuindo e os eleitores começam a se posicionar na disputa.
Contudo, pesquisas mostram que a maioria dos eleitores detém pouca informação sobre os candidatos e suas propostas para resolver os problemas da cidade.
Diferente do que imaginam boa parte dos analistas e jornalistas, envoltos em sua bolha de superinformação política, é assim mesmo que funciona.
O eleitor médio tem pouco envolvimento e interesse pela política e fica distante das campanhas e da cobertura política diária. Em função deste desinteresse, adia o máximo que pode a atenção nas campanhas eleitorais.
Indivíduos são movidos pela maximização do seu bem-estar e da busca pela melhora de sua vida. Assim, as impressões e os sentimentos pessoais acerca das suas condições de vida (econômicas e sociais) são atalhos para se avaliar a performance dos candidatos. Ao mesmo tempo, a decisão de voto se baseia em uma “racionalidade de baixa informação” fundamentada nas experiências passadas do indivíduo, nas suas crenças, seus valores e em poucas e dispersas informações adquiridas através das conversas, da imprensa e das campanhas eleitorais.
Neste contexto de pouco envolvimento, baixo interesse pela política e de falta de informação mais profunda sobre as competências e as credenciais dos candidatos, o eleitor médio projeta suas próprias crenças e seus valores sobre a oferta de candidatos disponíveis - a partir de uma leitura muitas vezes baseada em imagens - e, intuitivamente, avalia a probabilidade de que determinado político possua as características que ele considera adequadas ou ideais para aquela eleição.
Eles recorrem a atalhos cognitivos e informacionais diversos com o objetivo de reduzir o custo de se informar sobre a eleição. Por conta disso, só se aproximam das campanhas quando está muito perto da votação, faltado de 15 a 20 dias.
E este tempo chegou!
As pesquisas de opinião confirmam isso: um aumento cumulativo da exposição dos eleitores à propaganda eleitoral. Assim, as notícias e as informações provenientes das campanhas começam a interagir com o cotidiano do cidadão e vão sendo capazes de se relacionar com os problemas que afetam a vida das pessoas.
Neste ponto é fundamental destacar a importância das inserções na TV e no rádio, que entram ao longo da programação normal e “invadem”, aos poucos, o dia a dia das pessoas.
Aqui é preciso, também, chamar atenção para um fato: o candidato que detém maior tempo e frequência na TV e do rádio leva vantagem (claro que existem muitas variações possíveis de contexto que podem alterar esta assertiva).
Neste momento em que o eleitor está mais atento, o que as campanhas precisam fazer?
- Oferecer aos votantes atalhos cognitivos e informacionais que reforcem as imagens dos candidatos;
- Reforçar os vínculos entre as informações prévias dos eleitores, suas crenças e valores e as propostas dos candidatos;
- E estabeleçam diferenças entre os candidatos, de modo a favorecer a decisão.
Ao mesmo tempo, é hora de aumentar o volume. De demostrar que a campanha está crescendo e ganhando força, conquistando cada vez mais adeptos e simpatizantes. Isso se faz com o ganho de volume da propaganda nas ruas, com o aumento dos valores com impulsionamento nas redes sociais e com mais gente sendo contratada e impactada pela campanha.
Um erro que o eleitor não perdoa é quando a coordenação da campanha deixa a operação perder gás e empuxo na reta final. Esta é a hora de crescer e contagiar os eleitores indecisos. Quem falha neste momento não é perdoado.
Agora é tempo de acelerar.
* RODRIGO MENDES É PUBLICITÁRIO, SOCIÓLOGO E CIENTISTA POLÍTICO, ESTRATEGISTA DE MARKETING E COMUNICAÇÃO PÚBLICA COM 25 ANOS DE EXPERIÊNCIA, JÁ TENDO COORDENADO 60 CAMPANHAS ELEITORAIS E PRESTADO CONSULTORIA PARA DIVERSOS GOVERNOS, INSTITUIÇÕES E LIDERANÇAS. AUTOR DOS LIVROS - MARKETING POLÍTICO: O PODER DA ESTRATÉGIA NAS COMPANHAS ELEITORAIS. OS SEGREDOS DA GESTÃO PÚBLICA EFICIENTE. MARKETING ELEITORAL: APRENDENDO COM CAMPANHAS MUNICIPAIS VITORIOSAS E NOVAS ESTRATÉGIAS ELEITORAIS PARA UM NOVO AMBIENTE POLÍTICO.
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